Em colaboração com a C.M. de Vila Viçosa, o C.R. Juromenha promoveu a realização de um encontro de Rugby de veteranos no dia 18 de Fevereiro de 2006, naquela linda vila alentejana. Foi a 1ª. apresentação da modalidade nesta localidade, tendo a nossa equipa, com alguns jogadores dos Barbars Algarve e do Badajoz, defrontado a Académica de Coimbra. Aquele encontro, além da divulgação da modalidade, tinha também o propósito de homenagear a equipa coimbrã, cuja secção de Rugby se encontrava a comemorar os 50 anos de actividade, uma das mais antigas equipas de Rugby em Portugal.
No âmbito da comemoração dos seus 50 anos, a Académica de Coimbra tinha prevista a realização dum Torneio de Rugby de Praia de Veteranos, em Natal, Brasil, e já convidara, através dos promotores desta iniciativa, Toni Cabral Fernandes e José Brinca, o Clube de Rugby de Juromenha a participar. Este convite foi prontamente aceite e confirmado no almoço realizado em Juromenha, após o grande jogo de Vila Viçosa.
Assim, no final de Abril, uma comitiva de 30 pessoas, entre atletas, dirigentes e amigos, deslocou-se à capital do Rio Grande do Norte, onde passaria uma inesquecível semana. O clima de festa que esteve presente durante estes dias, iniciou-se logo na viagem de avião, que ficará decerto guardada na memória de todos os passageiros, que saíram na sua maioria com uma t.shirt do Clube oferecida, forma encontrada para tentar, de alguma forma, compensar o pouco descanso que tiveram…
À chegada ao aeroporto de Natal, esperava-nos o William Laborde, o francês que introduziu o Rugby naquela cidade e grande responsável pela criação do Potiguar R.C., que nos acompanhou durante parte da nossa primeira noite naquela cidade nordestina.
Como o programa desportivo apenas se iniciava três dias depois, os primeiros dias foram aproveitados para fazer algum turismo, de que destaco a visita a Pipa, a famosa estância balnear do litoral sul do estado, numa bonita viagem que nos fez passar, imagine-se, por Estremoz. Pipa é na verdade um local lindíssimo e tem umas das praias mais bonitas que alguma vez visitei, como a Praia do Madeiro e a Baía dos Golfinhos. A vila é uma delícia, com um colorido intenso e uma beleza apaixonante, que obriga a voltar um dia, o que aliás alguns fizemos poucos dias depois. O almoço em Pipa foi no Restaurante Lampião, um restaurante português, que tem à entrada uma grande bandeira do Glorioso, ao pé da qual tirei uma fotografia para a posteridade, com o Fernando Nascimento, que comovido com aquele bonito cenário, quase se converteu…
Seria na belíssima praia de Jacumã, localizada a cerca de 40 Km a norte de Natal, que se realizaria, no dia 26 de Abril, o primeiro dos dois dias do programa desportivo, com um Torneio de Rugby de Praia, que se disputou junto da Lagoa de Jacumã, roteiro obrigatório dos passeios de buggy, e local de eleição para a prática de “aerobunda”, onde cabos de aço atravessam a lagoa desde o alto até à base da outra margem, formando uma espécie de um varal, onde as pessoas são penduradas por um gancho, deslizando até cair na água literalmente de “bunda”, actividade praticada por muitos de nós na visita efectuada uns dias depois a outra das praias de referência da região, Genipabu. Dividimo-nos em 3 equipas, uma delas constituída por aqueles que tinham menos contacto, ou nenhum, com a modalidade, Fary, Richie, Ernesto, Rui Vilalva, Vitor Pinheiro, Hugo “Pirata”, que marcaria o ensaio de honra e o Xixico, que teve o seu primeiro contacto com o “melão”, e é agora um dos elementos mais influentes da nossa equipa de veteranos. Participou ainda uma equipa constituída pelos veteranos da Académica e alguns elementos do Rugby Potiguar. Este torneio acabou por ser mais um treino, para aquele de Rugby de 15, que se realizaria 3 dias depois, e foi vencido pelo C.R.J. A, após animado e muito duro jogo final com a equipa B do C.R.J. Seguiu-se o almoço no Restaurante NafNaf, localizado junto à praia e ao local dos jogos, findo o qual houve uma prova de “caipirão”, feita com o Licor Beirão que o nosso amigo José Redondo nos ofereceu para a viagem, e para a qual convidámos todos os clientes do restaurante, que se deliciaram com este cocktail português, com toque brasileiro.
No dia 29 de Abril, no Campus Universitário da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, realizou-se o muito aguardado Torneio de Rugby, que teve honra de cobertura televisiva para o programa “Batendo Perna”, onde participaram, além do nosso clube, o Rugby Potiguar, de Natal, e o Recife Rugby Clube. Estes 2 clubes que tinham iniciado a sua actividade muito recentemente, foram por nós contactados logo que soubemos da nossa deslocação, e acolheram com muito entusiasmo a possibilidade da realização do torneio, que inicialmente esteve previsto realizar-se na cidade de João Pessoa, por se localizar praticamente a meio caminho entre as cidades de Natal e do Recife. O torneio, que teve uma assistência invejável, entre ela uma muito bem organizada claque que veio do Recife para apoiar os “Tubarões”, iniciou-se com um encontro entre as duas equipas brasileiras, que foi vencido pela equipa local por 12-0, que mostrou um Rugby de qualidade superior, embora se tratasse apenas do 2º. jogo que realizava. No jogo seguinte, a nossa equipa defrontou a equipa do Recife, e apesar dum domínio quase total, apenas conseguiu vencer por 3-0, numa penalidade transformada pelo João Zuquete. O cansaço duma longa semana, aliada a uma forma muito aguerrida, e por vezes pouco ortodoxa, de defender dos jovens brasileiros, impediu que a nossa equipa, constituída praticamente por jogadores veteranos, conseguisse materializar o seu domínio e as várias situações de ensaio criadas. No último jogo, já conseguimos explanar melhor o nosso jogo, obtendo 5 ensaios, vencendo a equipa do Potiguar por 29-0 e conseguindo assim a vitória no Torneio. Jogaram pelo C.R.Juromenha, João Telmo, o único representante da Académica, que teve a infelicidade de se lesionar na primeira jogada do primeiro jogo, Gonçalo Leal da Costa, que se juntara ao grupo na véspera, proveniente de Vitória do Espírito Santo, e ainda Carlos Algarvio, Domingos Coruche, Ernesto Morgado, Hugo Couto, Jacinto Simões, João Banha, João Prazeres, João Sousa, João Zuquete, José Costa, Luís Pegado, Manuel Couto, Nuno Prazeres, Paulo Jaleco, Paulo Oliveira, Pedro Carvalho, Rui Vilalva e Vasco Lobo.
Após o final dos jogos, houve troca de camisolas com elementos das equipas brasileiras, que pretendiam uma recordação do seu primeiro jogo internacional, e para muitos do seu primeiro jogo de sempre. Troquei a minha com o emocionado Presidente do Recife R.C., Robertinho Torres, que apesar de não jogar, me veio pedir antes dos jogos, se podia ficar com a minha camisola de jogo.
A 3ª. parte realizou-se junto ao campo, com um churrasco que se prolongou por várias horas, enquanto duraram as muitas garrafas de “Porta da Ravessa” que leváramos. Tivemos oportunidade de trocar experiências e tomar conhecimento da evolução do Rugby no Brasil e no nordeste, em particular, ficando amplamente demonstrado o excelente trabalho realizado por William Laborde, em Natal e por Marcelo Blanco, o argentino que coordenava o Rugby no Recife. Para o nosso Clube foi uma honra ter podido participar neste Torneio, e ter ficado de algum modo ligado à história destes novos Clubes, que tenho acompanhado ao longo destes anos, com muito interesse e entusiasmo. Esse mesmo entusiasmo e alegria com que recebi a notícia da convocatória, no ano passado, do primeiro internacional brasileiro do Rugby nordestino, o 2ª. linha Vitor Bezerra, Vitão, atleta do Potiguar Rugby.
Terminada a 3ª. parte, os elementos dos Tubarões do Recife, voltaram para as suas “vans”, para efectuarem os 300kms de volta, não sem antes se despedirem, profundamente reconhecidos por lhe termos proporcionado a possibilidade de se deslocarem a Natal.
E nós, fomos para a última noite, um pouco desgastados, mas com as energias redobradas, depois do excelente dia de Rugby passado, que por si só justificou a viagem efectuada, sentimento compartilhado por todos, nomeadamente pelos seus mentores, Toni Cabral Fernandes e o meu “compadre” Zé Brinca. Esta que era “a noite” do Huguinho, mas que uma arreliadora lesão contraída nos instantes finais do último jogo, impediu que ela se concretizasse… valeu-lhe a companhia do Xixico, que numa verdadeira demonstração de companheirismo, se predispôs a acompanhá-lo, em vez de ir beber as últimas caipirinhas. Companheirismo que esteve sempre presente, conforme foi bem ilustrado pela afirmação do Fernando Nascimento, já em Portugal, quando disse que tinha ido ao Brasil num grupo de 30 pessoas e tinha regressado num grupo de 30 amigos. Verdadeiro grupo de amigos que fizeram história, ao serem protagonistas da primeira grande digressão, além-mar, do Clube de Rugby de Juromenha, e onde todos, sem excepção, contribuíram para o grande ambiente sempre vivido, um autêntico “show di bola”, participando nas inúmeras histórias passadas, difíceis de descrever aqui, que fizeram com que aqueles dias se tornassem inesquecíveis. E se já falei nos nomes de quase todos os elementos da “ galera”, não quero deixar de mencionar aqueles ainda não referidos, verdadeiros membros da equipa, apesar de não terem vestido os calções de jogo, o Bel, grande figura da viagem, desde o primeiro momento, o Luís Eduardo “Minhoca”, outro que não deixou os seus créditos por mãos alheias, o Balança, o Mamede, o Nervoso e o Manel Mourinha.
Como seria de imaginar, a última noite foi de arromba, contribuindo para que a viagem de regresso fosse bastante tranquila, contrastando verdadeiramente com a de ida, havendo quem questionasse se a equipa de Rugby que tinha viajado para Natal, se encontrava no avião, tal o sossego com que a mesma se desenrolou…
Paulo Jaleco,
Presidente do C.R.J.