DIGRESSÃO URUGUAI/ARGENTINA – APONTAMENTO FINAL

Regressados há cerca de 2 semanas, chegou a hora de fazer um apontamento final, da fantástica viagem a terras da América do Sul, que constituiu um enorme sucesso, amplamente comprovado por todos os intervenientes.

Esta viagem, recheada de episódios e momentos inesquecíveis, ficará, decerto, para sempre guardada na memória de todos os participantes, e registada na história do Clube de Rugby de Juromenha, como um dos mais determinantes momentos da sua já longa história.

O excelente ambiente sempre vivido, proporcionado por um comportamento irrepreensível da parte de todos, onde o clima de amizade foi insuperável e difícil de descrever, foi um factor preponderante para o sucesso alcançado.

O ponto de encontro para o início da digressão, ocorreu no “Restaurante Mateus”, em Juromenha, local de tantas tertúlias do C.R.J., onde pudemos, uma vez mais, desfrutar de uma excelente
refeição. Aí começou verdadeiramente esta nossa digressão, com a grande maioria a querer participar em todos os seus actos desde o início, para fortalecer o espírito de grupo, como foi assumido pelo Sérgio Ferreira, que veio de Lisboa para se juntar ao grupo e acompanhá-lo novamente até à capital, para onde nos dirigimos num autocarro gentilmente cedido pela Câmara Municipal de Alandroal.

Depois de uma longa e cansativa viagem, chegámos a Montevideu ao final da manhã do dia 26 de Novembro, podendo assistir, no trajecto que nos levou do aeroporto ao Hotel Balmoral Plaza, localizado bem no centro da cidade, a toda a beleza que esta ostenta. À chegada ao Hotel tínhamos a receber-nos o Francisco Gervaz, “Pancho”, e o Rafael Vilarubi, membros dos veteranos do Montevideo Cricket Club, que foram inexcedíveis no acompanhamento que nos fizeram. Depois de um
retemperador banho e dum primeiro contacto com as “Patrícias” (cerveja local…), dirigimo-nos ao Restaurante “La Estacada”, onde pudemos confirmar a excelência da carne uruguaia. A tarde foi utilizada para um melhor contacto com a cidade, tendo ao jantar recebido a companhia do Horacio Borrat, grande responsável pelo Torneio “Oldies but Goldies”, que iríamos disputar 2 dias depois.

O 2º. dia começou com as visitas às embaixadas de Espanha e Portugal em Montevideu, dando assim início ao preenchido programa social, que se viria a revelar bastante enriquecedor, e onde foi factor comum a forma simpática como sempre fomos recebidos. Após estas visitas fomos até ao antigo mercado, muito bem transformado em zona de restaurantes, onde tivemos, muito provavelmente, a melhor das refeições de toda a viagem, no “El Palanque”.

Nessa noite, juntou-se a nós o nosso grande amigo Gonçalo Leal da Costa, companheiro de há longa data, a viver há vários anos em Vitória do Espírito Santo, no Brasil, que jogara connosco, pela última vez, em Natal, em Abril de 2006. Numa viagem que constituiu um acumular de emoções e de momentos inolvidáveis, confesso que este reencontro foi, para mim, um dos momentos mais emocionantes destes inesquecíveis dias.

No dia seguinte, sábado, 28 de Novembro, participámos no Torneio “Oldies but Goldies”, organizado pelo Montevideo Cricket Club, nas suas excelentes instalações, e a que já me referi nas crónicas efectuadas ao longo da digressão. Como nota, a boa prestação da nossa equipa, pese embora as duas apertadas derrotas iniciais, e o extraordinário ambiente vivido na 3ª.parte, onde a nossa equipa foi insuperável, tendo feito a apresentação do muito apreciado “Haka de Juromenha”.

Para a história do C.R.J. ficam também as participações do Jean Vialla, francês, chefe da delegação da CEE no Uruguai e Paraguai, que conhecemos no avião, e do Juan Ongarato, antigo atleta do Champagnat, de Montevideo.

Depois de uma curta noite, saímos bem cedo em direcção a Iguaçú, via Buenos Aires, infelizmente já sem a companhia do Gonçalo, que regressou nesse dia ao Brasil. Aí passámos 2 dias, que foram
aproveitados para disfrutar da beleza indescritível das Cataratas de Iguaçú, sem dúvida uma das grandes “Maravilhas Naturais da Humanidade”

Dia 1 de Dezembro, rumámos à Patagónia, mais propriamente à cidade de Trelew, localizada no Vale de Chubut, cidade natal do nosso querido amigo Nestor Velasquez, e onde tivemos mais uma extraordinária recepção, com direito a entrevista e foto para o jornal. À chegada estavam o Christian Ragonesi, que foi incansável durante a nossa permanência em Trelew, o Cucho e o Beto Salvagnini, que organizou bastante bem o nosso programa turístico em terras patagónicas.

Na manhã seguinte, tivemos o privilégio de ser recebidos pelo Governador de Chubut, Mário das Neves, na sede do Governo, em Rawson.

Este poltíco, luso-descendente, filho de algarvios, com um trabalho notável nesta região, que é actualmente candidato à presidência da República da Argentina, prontificou-se a receber a nossa comitiva bem cedo, antes dum importante compromisso na capital do país, e demonstrou um importante conhecimento do nosso país, acerca do qual se referiu com grande entusiasmo. Após mais esta interessante recepção, o resto do dia foi utilizado para visitar esta maravilhosa região, cujo ponto alto foi, sem dúvida, a visita à colónia de Pinguins Magalhães, em Punta Tombo. No regresso, tivemos oportunidade de passar por Gaimán, onde é bem visível a influência galesa, como reflexo da
colonização desta região por colonos oriundos do País de Gales.

O despertar do dia seguinte foi outra vez bastante madrugador, pois o programa do dia contemplava uma visita à Península Valdés e a Puerto Piramides, para observar as baleias, um espectáculo lindíssimo, bastante apreciado por todos. No caminho passámos por Puerto Madryn, uma excelente estância balnear, actualmente o grande ponto turístico da região, onde recolhemos a Romina, a simpática e bonita guia que nos acompanhou durante estes dias. Os dias no Vale de Chubut foram muito preenchidos, em especial este, que correspondeu ao último que aqui passámos. À hora de almoço esperava-nos uma recepção na  “Associación Portuguesa Valle del Chubut”, onde convivemos com a pequena, mas muito activa, comunidade portuguesa, que, apesar da distância, mantém a alma lusitana bem viva por estas paragens. Um dos seus membros, Óscar da Silva Costa, mantém, há anos, todos os sábados, um programa semanal de rádio intitulado “Lembranças de Portugal”. Esta singela reunião contribuiu, em grande escala, para os grandes momentos de emoção vividos ao longo destes dias, sendo bem visível a comoção que de todos se apoderou, no momento da despedida, pois ninguém conseguiu ficar indiferente ao grande momento de  “portucalidade” que ali se passou.

Mas havia um jogo, pouco tempo depois, pelo que tivemos de nos preparar para esse evento. Com efeito, ao final da tarde, esperava-nos o encontro com o Patoruzù R.C., de Trelew, equipa do Nestor, a quem sempre disse que visitaria um dia que fosse à Argentina, promessa que tive a felicidade de cumprir. Fomos recebidos por um bonito complexo desportivo, com o detalhe de apresentar a bandeira portuguesa hasteada, junto à da Argentina e do clube local, o que, pela responsabilidade que todos sentimos pelo facto, de alguma forma, estarmos a representar o Nosso País, mais nos motivou para o encontro,

Este foi muito bem disputado, com uma óptima entrada da nossa equipa, que conseguiu 2 ensaios nos primeiros minutos, com a particularidade do primeiro ter sido obtido pelo “Cuñao” e corresponder ao primeiro da sua “promissora” carreira, que há bastante pouco tempo se iniciou. O jogo disputou-se em 3 partes de 20 min, e apesar de em veteranos o resultado não ser o mais importante, para a história fica a vitória da nossa equipa por 5-3, que acabou o encontro com a obtenção de 2
ensaios, após ter permitido que a equipa argentina empatasse a 3.

Um agradecimento ao Jorge, Christian, Beto e seu irmão Bruno, que nos deram o prazer de vestir a “amarela”, quando as lesões nos começaram a fustigar. Como não podia deixar de ser, a vitória foi, no final, dedicada aos membros da comunidade portuguesa, que se deslocaram ao campo para assistir à partida, apesar de nos terem confidenciado não serem muito conhecedores do nosso desporto. Na 3ª. parte, os nossos anfitriões obsequiaram-nos com um fantástico e delicioso” churrasco patagónico”, que compartilhámos num sentido clima de amizade.

Com a viagem a aproximar-se do seu final, faltava a visita a Buenos Aires, onde chegámos no final da manhã do dia 4 de Dezembro, isto depois de termos deixado Trelew, onde ficaram seguramente alguns amigos para a vida. Nesse dia esperava-nos uma recepção na Embaixada de Portugal em Buenos Aires, outro dos momentos que nenhum de nós esquecerá, pela forma como fomos recebidos pelo Sr. Embaixador, Dr. Joaquim Ferreira Marques e pelo Sr. Conselheiro, Dr. Bruno Paes
Moreira.

No sábado, dia 5, deslocámo-nos ao campo do DAOM, acompanhados pelo nosso amigo Alejandro Oliveira, elemento daquela equipa, com quem o C.R.Juromenha jogara no Rio de Janeiro e Niterói, em Novembro de 2007, para disputarmos um torneio triangular. Além destas 2 equipas, participaram também Los Matreros R.C., tendo o C.R.J. conseguido vencer os 2 encontros disputados ( 2-1 ao DAOM. 1-0 ao Los Matreros).

Nestes jogos tivemos a companhia de 3 elementos da equipa “All Virgins”, Gonzalo, Daniel e Ariel. Mais uma excelente 3ª.parte, onde tivemos o prazer de conviver com muitos amigos conhecidos no Brasil, de que destaco o Ricardo di Sipio, organizador do “I Rio Rugby Oldies”, e outros aqui criados, queencerrou o programa desportivo desta digressão ao Uruguai e Argentina.

Os dois últimos dias foram consagrados a visitar a linda cidade de Buenos Aires e a fazer as últimas compras. Eu, pessoalmente, quero agradecer ao “cicerone” Ricardo di Sipio, o excelente recorrido que fez pela cidade, e a possibilidade que deu de a conhecer tão profundamente. O jantar de despedida destes maravilhosos dias, no “Siga la Vaca”, em Puerto Madero, foi o culminar de uma viagem que não esqueceremos.

À chegada a Lisboa tínhamos a receber-nos o Presidente da Assembleia Geral do Clube de Rugby de Juromenha, Paulo Infante, facto que muito nos sensibilizou.

Para terminar, não posso deixar de testemunhar o meu reconhecimento à Margarida, Bota Luz, Carlinos, Cuñao, Domingos, Edal, Filipe Jorge, Fintas, Gonçalo, Hugo, João de Deus, Luís Borges, Luís
Miguel, Manel, Miguel Jonet, Patrico, Reyes, Sérgio e Xixico pela companhia e amizade sempre demonstrada, atitudes que me dão forças para continuar a trabalhar. Em nome do Clube de Rugby
de Juromenha, penso que este ficará para sempre agradecido pela bonita página que ajudaram a escrever na sua história.

Aos amigos que deixámos no Uruguai e Argentina, entre outros, o Pancho, Rafael Vilarrubi, Horácio Borrat, Ruben Benitez, Christian Ragonesi, Marcelo Bahamonde, Cucho, Beto Salvagnini, Alejandro Oliveira, Ricardo di Sipio, até breve.

Como dizia o Ricardo, quando nos despedimos no Rio, havemos de nos encontrar, em qualquer parte do Mundo, onde houver uma ovalada…

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